Mário Gomes da Silva

Mário Gomes da Silva nasceu em Salvador (Bahia) a 20 de março de 1898, filho do general Julio Cesar Soares da Silva e de Helena Bayão Carvalho da Silva. Fez rápida carreira no Exército: aspirante em 1923, segundo e primeiro tenente no ano seguinte. Capitão em 1932, major em 1941 e ten. cel. em 1944.

A proximidade das eleições nos governos dos Estados e a crescente competição pelo poder, enraizada nas correntes partidárias responsáveis pela vitória da candidatura Dutra, que ameaçavam a unidade do partido majoritário, aconselharam o presidente da República a optar, com vistas a interventoria, por um nome que pudesse conciliar os conflitos oriundos das disputas internas no Paraná.

Com tal objetivo, Dutra escolheu entre seus homens de confiança o ten. cel. Mário Gomes da Silva, que, inclusive, fora seu ajudante de ordens quando no Ministério da Guerra, com a missão de apaziguar a política paranaense, em ebulição, e presidir, como magistrado, as eleições de janeiro de 1947.

Nomeado Interventor em 26 de setembro de 1946, Mário Gomes da Silva reafirmou esses propósitos no seu discurso de posse, a 07 de outubro daquele ano: “O elevado pensamento do S. Exª o presidente Dutra reclama da minha ação, com o concurso esclarecido das correntes democráticas que se afirmam neste Estado em propósitos patrióticos, a formação de um clima de confiança e respeito, onde as idéias políticas possam desenvolver-se com liberdade e compreensão, considerando-se o pleito de janeiro próximo, que será, não tenho dúvidas em assegurá-lo, a lídima expressão da vontade soberana do povo que acorrerá às urnas, cônscio dos seus deveres cívicos, em eleições livres e honestas”.

Não se tratava de um ilustre desconhecido. Na condição de militar o novo interventor houvera servido na 5ª Região Militar como subchefe de estabelecimentos de Fundos do Exército, em Curitiba, além de haver participado de operações no Contestado. Compôs uma secretaria do pluripartidário e procurou ser um juiz sereno das eleições.

Foi chefe da Polícia do Estado de Santa Catarina, professor da Escola de Intendência do Exército, Secretário da Cia. Siderúrgica Nacional, Secretário de Estado da Fazenda do Paraná, presidente da Comissão Central de Preços, deputado federal (1955, 59 e 63), presidente do Clube do Congresso e diretor da Usina de Volta Redonda.

Trazia louvável tradição conspirativa, por haver combatido em várias frentes revolucionárias, foi militante ativo do movimento tenentista.

Seu governo de transição foi marcado pelo equilíbrio, sem maiores traumas, apesar do calor da campanha eleitoral. Sua mediação permitiu a formação de uma grande coligação de partidos, da qual esteve ausente apenas o Partido Republicano. Este lançou candidato próprio a governança do Estado, o professor Bento Munhoz da Rocha Neto. A coligação apoiou o nome do industrial Moysés Lupion, eleito com significativa maioria.

Terminando o pleito, entendendo cumprida sua missão, com a diplomação dos eleitos, o interventor apresentou seu pedido de exoneração, sendo nomeado, a seguir, para importante cargo federal. Ele recebeu em sua despedida, muitas homenagens pela correção e eficiência com que se houve nesse breve período de governo.

Faleceu em Brasília, em 03 de abril de 1984 com a patente de general.

Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.
Foto: Galeria do Salão dos Governadores do Palácio Iguaçu, reproduzida por Simone Fabiano.