Francisco José Cardoso Júnior

Marechal Francisco José Cardoso Júnior, filho do Comendador Francisco José Cardoso e de Propícia Francisca Carneiro da Fontoura Barreto­­. Neto do Brigadeiro Manoel José Cardoso e bisneto do Cel. Manoel Cardoso, senhor do morgado da Vacaria em Portugal, com solar na quinta dos Cardosos em Lamego.

Por via materna, neto de Cristóvão de Portugal e Castro, fidalgo cavaleiro da Casa Real Portuguesa. Assentou praça em 1842. Fez o curso da antiga Academia Militar e foi bacharel em ciências matemáticas e civis administrativas em várias Províncias do Império.

Deputado provincial em Minas Gerais em 1852. Nessa Província inspecionou as coletorias e a Estrada de Ferro do Rio Preto.
Na Província do Rio de Janeiro, engenheiro ajudante do diretor de Obras Públicas, nomeado em 1859. Aí prestou serviços que, em 1862, a Câmara da vila de São Francisco Xavier de Itaguaí agradeceu.

No campo da luta durante a Campanha de Paraguai prestou alguns anos de serviço. Em 1868, secretário do Marechal Marques de Caxias, comandante das nossas forças, conforme documentos do Museu Imperial de Petrópolis.

De 02 de dezembro de 1869 a 11 de maio de 1871, exerceu a presidência da Província de Sergipe, deixando relatório bem feito ao abrir a Assembléia Legislativa. Teve oportunidade de criar o Ateneu Sergipense. Nomeado presidente de Mato Grosso para atender àquela Província que a guerra assolava, e cuja reconstituição perecia difícil, exigindo bondade e energia, para lá foi mandado, ocupando a posição de 29 de julho de 1871 a 25 de dezembro de 1872, tendo exercido concomitantemente o comando das armas da Província, além de reformar a instrução pública.

Deputado geral pela Província do Rio de Janeiro pelo Partido Conservador, foi membro de várias comissões na Câmara, de 1872 a 1875, recebendo por sua ação parlamentar agradecimentos e elogios, constantes de seu arquivo.

No Ministério da Guerra, pertenceu a Repartição do Ajudante General e no da Marinha ao Conselho Naval.

Como 1º Vice-presidente da Província do Pará (como ten. cel.), ocupou o governo de 17 de março de 1887 a 06 de maio de 1888.

Em 1887, por ocasião da comemoração da lei do ventre livre, promoveu a libertação de 109 escravos. D. Isabel mandou agradecer-lhe como princesa imperial regente.

A Proclamação da República a 15 de novembro de 1889 encontrou-o como comandante do 5º distrito militar de Curitiba. A 17 de novembro de 1889, conforme se avia anunciado, Cardoso Junior, comandante da brigada militar assumiu o governo do Paraná, verificando-se assim a adesão da ex-Província imperial ao movimento republicano para transformar-se em Estado federal.

Deodoro teria desejado que Cardoso Junior continuasse em exercício como governador eleito. Mas Cardoso Junior não se candidatou, apesar das pressões que se faziam sentir no intuito de se não abrir luta partidária no Estado. Essa sua atitude, aliás, foi muito do agrado do Marechal Floriano Peixoto, que lhe passou a 02 de setembro de 1890 o seguinte telegrama: "Contava patriotismo velho camarada. Obrigado".

Reformando-se em 1890 no posto de brigadeiro, foi graduado Marechal de Campo em 1898 por ato do vice-presidente da Republica, Marechal Floriano Peixoto.

Na revolta de 1893-94 e, sobretudo no período de 1894, que interessou tão profundamente o Paraná, teve de início situação de indiferença. Talvez mesmo simpático ao governo legal do Marechal Floriano Peixoto, mas acabou meio envolvido na trama dos federalistas. Foi nomeado governador revolucionário em 1894, durante o período em que o Estado esteve em mãos de Gumercindo, isto é, entre o governo de Menezes Dória e o de Tertuliano Teixeira de Freitas.

Realmente, porém, nem ele tomou posse, nem desejou o governo, que, aliás, ficou, por algum tempo, completamente acéfalo. Nomeado pelo Presidente Prudente José de Moraes e Barros, comandante superior da Guarda Nacional do Paraná, a fim de reorganizar em novos moldes a Milícia que de tanta glória se cobrira em 1865-70, durante a campanha do Paraguai e na Revolução Federalista, Cardoso Junior, já então marechal reformado, instalou-se no Paraná, onde proficuamente viveu o começo do presente século, no exercício do mandato de deputado estadual de 1897 a 1901.

Foi diretor da Biblioteca do Exército por muitos anos. Nesse cargo faleceu a 21 de setembro de 1917, no Rio de Janeiro.

A data e o lugar do seu nascimento, conforme Sacramento Blake, têm sido contestados. O historiador Epifânio de Fonseca Dória afirma que nasceu em Santa Cruz, Rio de Janeiro, em 06 de março de 1826. Adotamos a primeira versão.

Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.
Ilustração:Theodoro de Bona e Dulce Ozinski.