A servidora estadual, Goretti Bussolo, hoje Coordenadora de Políticas para Mulheres da Casa Civil, carrega consigo um passado de violências e abusos, desde sua infância.
Nascida na roça, na cidade de Ivaiporã, Goretti começou a trabalhar ainda menina, como empregada doméstica nas casas de família, para ajudar os pais. Mesmo trabalhando desde cedo, sempre estudou e leu muito. Aos 13 anos recebeu o prêmio Helena Kolody por ser a menina da roça que mais leu.
Porém um ano antes, aos 12, foi vitima de um abuso sexual de um dos seus patrões. O medo de ser desacreditada fez com que ela se calasse. ”Eu era muito nova e tinha muito medo de que não acreditassem em mim, por isso me calei na época”, lamentou Goretti.
Já adulta, casou-se e teve filhos, mas viveu novos traumas, sofrendo com a violência doméstica causada pelo próprio marido. Vieram a depressão, a ansiedade e as tentativas de suicídio. “A situação chegou ao limite quando eu subi em cima da mesa e gritei que não era louca, esse foi o meu primeiro grito por liberdade”, relembrou Goretti.
Foi quando ao buscar seus direitos, sentiu-se amparada pela Lei Maria da Penha e uma nova história começou. “Me disseram que pra se expor é necessário ter coragem e eu sou corajosa”, comemorou. Entretanto, ter proteção para si mesma e sua família não era o suficiente, ela ainda se sentia inconformada com os abusos e com a falta de amparo às mulheres que vivem o ciclo da violência.
Esse sentimento, somado à influência de seus pais, que apesar de muito simples, sempre se envolveram com a política e foram os seus grandes motivadores, para que buscasse conhecimento. E assim, formou-se Especialista em Marketing Político, Escuta Qualificada, Palestrante em Violência de Gênero, Bullying e Assédios em Ambiente Escolar, Acadêmico e Empresarial.
Em 2015, ao perceber que a sua história poderia impactar a vida de outras pessoas, Goretti fundou o Instituto Todas as Marias, que trabalha no enfrentamento da violência contra às mulheres, crianças, adolescentes, LGBTQIA+ e a qualquer pessoa em situação de violência, independente da sua natureza. A ONG atua no apoio jurídico e psicológico, com encaminhamentos e palestras sobre o tema. O Instituto Todas as Marias recebe, em média, 338 pedidos de ajuda por mês e atende a 337 cidades em todo o Brasil. Só no Paraná são 79 municípios.
Dentro do Governo do Paraná, com o trabalho desenvolvido na Casa Civil, Goretti Bussolo, atua auxiliando no desenvolvimento de políticas públicas para mulheres vítimas de violência. Ela percorre todo o estado levando seu testemunho, junto com esclarecimentos sobre o assunto e, o mais importante: uma maneira de ajudar às vítimas a procurarem ajuda e a denunciar as agressões. A servidora empresta sua voz por meio de palestras e rodas de conversa, que normalmente são realizadas em locais onde as estatísticas apontam que há um alto índice de violência contra a mulher.
A servidora faz questão de ir mais longe e procura estar em locais em que o conhecimento sobre o tema não é difundido, geralmente em comunidades mais vulneráveis. “Muitas vezes nessas rodas de conversas é que as mulheres percebem que sofrem ou sofreram alguma forma de violência por décadas. Grande parte delas nem sabem que existe uma lei que as protege. Me perguntam: pra onde que eu vou, dona Goretti? Essa Maria da Penha, ela vem aqui se a gente chamar?”, explicou.
Com o seu compromisso de informar, acolher e amparar aquelas que se encontram em um quadro de vulnerabilidade, Goretti segue com sua ambição de transformar vidas. Seus sonhos se refletem nas ações que o Governo do Paraná tem em relação às cidadãs. “Políticas públicas reais pensando em mulheres reais, para que mais mulheres cheguem aonde eu cheguei”, defendeu Goretti ao falar sobre seu trabalho junto a iniciativa governamental.
Além do trabalho realizado na Casa Civil, o Governo do Paraná possui diversas pastas e políticas que ajudam as mulheres a fazerem sua denúncia e saírem do ciclo de violência. Além dos canais oferecidos pela Polícia Civil e Militar, o Estado inovou ao criar a Secretaria de Estado da Mulher e da Igualdade Racial (SEMI), e também a nova Ouvidoria-Geral da Mulher, para atender todas as servidoras do Paraná.
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