Brasil Pinheiro Machado

Brasil Pinheiro Machado, filho de Brasil Ribas Pinheiro Machado e de Eugênia Guimarães Pinheiro Machado, nasceu em Ponta Grossa, Paraná, a 12 de dezembro de 1907. Fez seus estudos iniciais no Colégio Becker. Realizou os preparatórios em São Paulo, no Liceu Salesiano Coração de Jesus. Cursou, finalmente, a Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, formando-se em 1930.

Advogou durante alguns anos em Ponta Grossa, adquirindo prestígio profissional pela competência e brilho da inteligência. Dotado de excelente cultura jurídica, logo se impôs ao respeito da sociedade princesina. Dedicou-se também aos assuntos da educação e instrução pública, sem prejuízo da expansão da banca advocatícia. Dos fundadores do Colégio Regente Feijó, lecionou e se tornou diretor do tradicional educandário.

Em 1932, durante o regime da interventoria Manoel Ribas, foi nomeado prefeito municipal de Ponta Grossa. A notoriedade que adquiriu pela capacidade administrativa, o credenciou a disputar, com sucesso, cadeira de deputado estadual à Constituinte estadual em 1935, tendo o mandato interrompido com o Estado Novo em 1937. Casou-se em 1936 com Suzana Diez Jeart. Transferiu-se para Curitiba em 1939, convidado para o cargo de Procurador Geral do Estado. Jurista conceituado, sua atuação na Procuradoria foi reconhecidamente brilhante. Os temas educacionais, entretanto, atraíram-no ao magistério superior. Em 1940 consagrava-se professor catedrático de Historia do Brasil da Faculdade de Filosofia da Universidade do Paraná. Pesquisador atento e criterioso, suas obras e conferências enriqueciam as letras paranaenses.

Com a redemocratização do país, em 1946, seu nome foi incluído numa lista quádrupla enviada ao presidente Dutra para o cargo de Interventor Federal do Paraná na fase de transição democrática. Constavam ainda dessa lista os nomes de Alô Guimarães, Moysés Lupion e Carvalho Chaves. A bancada federal dividiu-se e Brasil foi nomeado, por força de seus méritos pessoais. A luta que se travou, a seguir, nos bastidores, com vistas às eleições para o governo do Estado, desgastou-lhe a liderança.

Intelectual sem malícia, desafeito às pressões fisiológicas e as intrigas palacianas, viu crescerem em torno da sua administração dificuldades insuperáveis. No dia 24 de agosto de 1946 o deputado federal Gomy Júnior, de inegável influência política, rompeu com seu governo, alargando as insatisfações da bancada federal, onde se digladiavam as correntes interessadas no sucesso governamental. Sem condições de contornar a crise política e sem apoio federal, preferiu renunciar a ceder às pressões ilegítimas.

Governou de fevereiro a setembro de 1946. Criado o Tribunal de Contas em 1947, nomeado conselheiro, licenciou-se no ano seguinte para assumir a cadeira de deputado federal pelo PSD, na vaga deixada pelo falecimento do jornalista Acir Guimarães. Exerceu profícuo mandato na Câmara dos Deputados, notadamente nas comissões técnicas, onde seus pareceres deixavam transparecer erudição. Reassumiu seu cargo no Tribunal de Contas em 1951, tendo desempenho brilhante naquela Corte de Contas. Foi eleito presidente em 1965 e se aposentou no ano seguinte.

Na área universitária chegou ao cargo de vice-reitor e reitor em exercício, mantendo-se no corpo docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras até sua jubilação em 1977.

Suas atitudes foram sempre exemplares. Elas só têm mostrado a maturidade de fecunda experiência e atualizada visão do mundo moderno. Como pesquisador, pensador, historiador e professor sério e apaixonado pela cultura, sua obra é importante luzeiro às novas gerações de estudantes e escritores.

Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.
Foto: Galeria do Salão dos Governadores do Palácio Iguaçu, reproduzida por Simone Fabiano.