Joaquim Inácio Silveira da Motta Júnior

Nasceu em Curitiba, a 24 de agosto de 1844, o segundo da família do mesmo nome, filho de ilustre médico formado na Alemanha e campeão máximo da instituição pública durante a Província (êmulo de João Manoel da Cunha) deputado geral por muitas legislaturas, e de Maria Teolinda da Conceição Ribas, filha esta do capitão Lourenço Pinto de Sá Ribas e bisneta do capitão-mór Lourenço Ribeiro de Andrade.

Recebeu de seu pai a mais esmerada educação e já nos estudos primários revelou vigorosa inteligência que lhe predestinava triunfos progressivamente conquistados. Foi aluno, desde a fundação do Liceu Paranaense, de Curitiba, em 1858. Concluiu o preparatório no Colégio Fernão, em 1860. No ano seguinte matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, sendo colega de turma de Generoso Marques dos Santos. Recebeu diploma de bacharel em 29 de novembro de 1865.

Iniciou-se na advocacia em Curitiba. Em 1872 elegeu-se deputado provincial e desempenhou com hombridade e competência a missão de parlamentar. Dado seus predicados culturais, sendo-se atraído pela magistratura. Abandonou a política, sendo designado juiz municipal no Termo da Lapa, onde se casou a 31 de maio de 1874 com Etelvina de Oliveira Lima, irmã do ilustre médico Manoel Pedro dos Santos Lima.

Removido, mais tarde, para São José dos Pinhais, permaneceu naquele juízo sete anos. Em 1886 resolveu tentar carreira melhor em Santa Cristina do Pinhal, no Rio Grande do Sul. De lá se mudou para Vitório, Espírito Santo, sempre na judicatura. "Em toda parte onde exerceu jurisdição, o ilustre magistrado se fez respeitado e querido pela correção do seu procedimento, tanto público, quanto particular".

Voltou a Curitiba a convite do presidente da Província, Jesuíno Marcondes, do Partido Liberal, para exercer o cargo de Chefe de Policia, no qual se manteve até a proclamação da Republica. O Governo Provisório reintegrou-o à carreira judiciária, designando-o para a Comarca da capital, o que sempre fora sua aspiração. Foi elevado, a seguir, ao Tribunal de Apelação, desembargador nomeado.

Ao se procederem as primeiras eleições constitucionais, seu nome figurou na chapa de Generoso Marques dos Santos, na condição de 1º vice-presidente, sendo eleito pelo Congresso Legislativo. Exerceu interinamente, a presidência, de 10 de julho a 19 de novembro de 1891.

Deposto o governo, do qual era parte, pelo grupo de militares florianistas e republicanos históricos, viu-se compungido a curtir o ostracismo.

Manteve fidelidade exemplar à liderança de Generoso Marques. Sofreu as conseqüências dessa lealdade, sendo excluído da magistratura, pelos novos detentores do poder estadual.

Voltou, então, a tentar a advocacia, profissão de que fez sacerdócio e de que pôde tirar os meios de subsistência para a família, enquanto a saúde lhe permitiu exercê-la. Na vida particular foi modelo de virtudes, no culto à amizade ninguém lhe excedeu.

Tendo gozado na mocidade da saúde invejável, poder-se-ia crer que chegasse a extrema longevidade, mas ao descambar para a idade madura, começou o declínio do organismo, vítima de pertinaz reumatismo deformante. Debalde, graças à força moral de que dispunha, pensou afrontar a terrível moléstia, que em poucos anos jogou-o irremediavelmente ao leito, malgrado os esforços médicos.

Vítima também de dores morais irrecuperáveis, acabou vencido. Às 4:00 horas da tarde de 25 de março de 1903, fechou-se o ciclo dessa existência preciosa.

Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.