Paulo Cruz Pimentel
Com a eleição de Ney Braga ao Governo do Estado, em cuja campanha se integrara, foi convocado a assumir a Secretaria de Estado da Agricultura. Nesse cargo se houve com indiscutível brilho, notadamente nas campanhas de melhoria do plantel bovino paranaense e numa inteligente política de planejamento para a agroindústria.
Graças à liderança que alcançou, seu nome foi lançado candidato a governador, pelo pequeno Partido Trabalhista Nacional, nas eleições de outubro de 1965.
Ganhou, após memorável pleito em que se identificou, principalmente, com os trabalhadores rurais. Tomou posse a 31 de janeiro de 1966, levando para o governo uma valiosa mensagem de apoio popular.
Realizou administração proveitosa. No primeiro ano do seu mandato foi castigado por geadas e secas que comprometeram o orçamento do Estado, mas assim mesmo deu continuidade aos programas de expansão econômica. Interiorizou os serviços de luz e energia elétrica. Inaugurou as usinas Capivari-Cachoeira, Júlio Mesquita e Salto Grande do Iguaçu, além de outras centrais elétricas de menor porte.
Intensificou o financiamento industrial, gerando empresas capazes de modificar o estágio monocultor da economia paranaense, transformou a Companhia de Desenvolvimento do Paraná (CODAPAR) em Banco de Desenvolvimento (BADEP) e ampliou a rede do Banestado, com a compra de várias instituições financeiras, aumentando sua capacidade de captação e ampliação de dinheiro. Isso permitiu processo de exportação, a produção de placas de aglomerados de madeira, além de concretizar o primeiro empreendimento de café solúvel no Brasil.
Aumentou as quotas de participação do governo do Paraná no capital do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), de forma a assegurar maior eficácia àquela instituição na aplicação de repasses federais às indústrias do Estado.
Deu especial atenção à área de saúde pública, mediante vacinação em massa contra a poliomielite, tétano, difteria e outras doenças. Assegurou prosseguimento à política de distribuição de terras, em termos pacíficos, evitando conflitos e disputas estéreis, que no passado causaram tantos males às populações rurais.
Reaparelhou os órgãos da Segurança Pública, estimulou o desfavelamento com a intensificação de programas de casas populares. Durante seu governo houve considerável avanço nos projetos de assistência social, obras públicas, rodovias, agricultura, refletindo sempre uma preocupação com o social, a que emprestou prioridade.
A expansão dos serviços de telecomunicações obedeceu à ampla planificação, com especial ênfase para as comunicações à distância. Uma rede de microondas ampliou-se em todas as direções, permitindo ao Paraná uma nítida liderança nesse importante setor. Implantou a Telepar, dotando o Paraná de melhor sistema de comunicações do país.
Foi, todavia, no programa de obras públicas que se consolidou a obra de integração demográfica e territorial que impulsiona a administração pública. O alto nível de pavimentação das rodovias, acusou diretrizes fundamentais no sentido de melhorar os meios de escoamento da produção agrícola. Uma das obras máximas foi a conclusão da Rodovia do Xisto, inaugurada em 1968, sem embargo de outras igualmente significativas, como a Rodovia de Madeira, Rodovia do Açúcar, Transversal Irati-Relógio, Antonina e Guaraqueçaba, Morretes/Antonina, Maringá/Paranavaí, Maringá/Umuarama, Maringá/Campo Mourão.
Promoveu, ainda, política municipalista de valorização das unidades que compõem o universo do Estado, notadamente pelo pagamento direto pela agência arrecadadora de cada município da cota devida. Celebrou muitos convênios para ajudar as Prefeituras nos seus projetos de urbanização, saneamento, treinamento de pessoal, turismo, etc.
Passou o governo a seu sucessor Haroldo Leon Peres, eleito por via indireta pela Assembléia Legislativa do Estado, a 15 de março de 1971.
Elegeu-se deputado federal, tendo participado dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, de 1987. É também empresário na área de comunicações.
Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.
Foto: Galeria do Salão dos Governadores do Palácio Iguaçu, reproduzida por Simone Fabiano.