Roberto Ferreira

Nasceu Roberto Ferreira, na antiga Província de Alagoas, no dia 30 de setembro de 1834. Era filho de Joaquim Ferreira da Costa Sampaio. Estudou primeiras letras na Província natal e em Salvador, na Bahia, de onde foi para a Corte, assentando praça em 1854.

Matriculado na Escola Militar, era, em 1858, alferes aluno e chegava a tenente em 1863. Nesse posto o alcança a Campanha do Paraguai.

Embarca em 1865, no Recife com destino a Montevidéu, onde passa a guarnecer os navios da esquadra com a força do 14º Batalhão de Infantaria.
Estava a bordo da canhoneira Araguari em subida do Rio Paraná, quando foi desembarcado para tomar parte da retomada de Corrientes. Fazia parte da 5ª Companhia a bordo do Amazonas, quando a esquadra brasileira viu-se atacada em Riachuelo. Tomou parte da batalha, merecendo mais tarde a medalha de prata, conferida aos que tomaram parte no feito.

Participa, a seguir, da passagem de Mercedes no Rio Paraná, debaixo de fogo. Passando com a 5ª Companhia para a canhoneira Avaí, assistiu à passagem de Cuevas. No ano seguinte (1866) desembarcou da Mearim junto ao Forte de Itapiru.

Tendo lutado, com bravura, na batalha de Tuiuti, foi promovido a capitão. De todas as ações conseqüentes ele compartilha: Tuiu Cuê, Potreiro Ovelha, Tagi. Neste combate é ferido pela primeira vez e baixa ao hospital.

Já em 1868 será fiscal de corpos de Voluntários da Pátria: Primeiro do 27º e depois do 49º, com eles participando das ações de Parecuê e Surubi-i. Em seguida, da sangrenta Dezembrada sai ileso. Desembarca em Santo Antônio e combate no Itororó. Assiste ao feito de Lambaré, Vileta, e está presente nas batalhas do Avaí, de Lomas Valentinas e Angostura. Em 1869 toma parte em toda a campanha das Cordilheiras, desde Pirajá até Sapucaí e Peribebuí.

Nesta batalha é promovido a major por atos de bravura e é ferido pela segunda vez. Tem licença, então, para tratar-se no Brasil e se retira da Campanha que, aliás, pouco depois, termina, com a morte de Solano Lopez. Em 1871 é preso por faltar a uma guarda de honra.

Já fazia sentir aí o seu espírito rebelde, avesso às instituições vigentes e simpático às idéias republicanas. Nomeado comandante do 17º Batalhão de Infantaria, vem para Curitiba em outubro de 1889, às vésperas da Republica, para qual o seu Corpo em parte contribuiu. Sufocou o motim de 21 de janeiro de 1890 e até fevereiro de 1891 permaneceu nesse comando.

Com a deposição do presidente Generoso Marques dos Santos, foi nomeado presidente da Junta Governativa Provisória, composta ainda do cel. Joaquim Monteiro e do Dr. Lamenha Lins. A sua cooperação no governo, inicia de novembro de 1891, durou pouco tempo, pois promulgada a nova Constituição e eleito o novo governante, Xavier da Silva, viu concluída sua tarefa de transição. Retirado da política, recomeçou sua vida militar.

Comandou o 2º e o 5º distrito militar em épocas diversas, até ser nomeado membro da comissão de promoções, em agosto de 1893. Logo, em 08 de setembro desse mesmo ano, é nomeado Comandante Superior da Guarda Nacional.

A 26 de outubro, quando a revolta da Armada estava marchando para o apogeu, na Guanabara, foi nomeado Comandante das Forças em Operações em Niterói. Um mês depois era elogiado por haver conseguido rechaçar os revoltosos, quando procuravam desembarcar na ponte da Armação, preâmbulo ao grande ataque de sete de fevereiro. Desse posto, entretanto, foi levado ao comando da 2ª Divisão das Forças da Guarnição do Litoral da Capital Federal. A 19 de abril de 1894 era, enfim, elevado ao posto de Ajudante General do Exército. Reformado como General de Divisão, nesse posto faleceu, no Rio de Janeiro, a 06 de março de 1915.

Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.
Ilustração: Theodoro de Bona e Dulce Ozinski.